News Context: Tênis em Impressoras 3D – Por que o anúncio da Adidas é tão diferente?
Há alguns dias, a Adidas anunciou, em parceria com uma startup de impressoras 3D, a Carbon, a iniciativa de usar impressoras 3D para fabricar solas para tênis de corrida.
Adidas vai produzir calçado com solas fabricadas em impressoras em 3D. Veja o que isso significa para o mercado
Há alguns dias, a Adidas anunciou, em parceria com uma startup de impressoras 3D, a Carbon, a iniciativa de usar impressoras 3D para fabricar solas para tênis de corrida. Esse não é o primeiro caso do tipo: no ano passado, a HP já tinha fechado acordo com a Nike e, além disso, várias marcas, como New Balance e Under Armor, também apresentaram ações do tipo nos últimos anos. Ainda assim, o anúncio da Adidas é inovador.
Isso por que a diferença dessas atividades para o anúncio da Adidas é que, pela primeira vez, estamos falando de usar a tecnologia desenvolvida pela Carbon 3D Printing para produção em massa de sua nova linha de calçados, sendo 5 mil pares entregues esse ano e 100 mil no ano que vem. Antes, a ideia era, basicamente, usar a tecnologia de impressão em 3D para acelerar a prototipagem ou como um teste sobre o quanto se poderia fazer com essas máquinas.
A novidade, portanto, atinge em cheio o principal obstáculo da indústria de Impressoras 3D, acabando com o esteriótipo de uma máquina apenas para prototipagem e posicionando o equipamento como uma ferramenta de fabricação em massa. A impressão 3D resolve o problema da produção de partes complexas e detalhadas, podendo montar uma peça apenas, peças sob demanda e “produção em massa customizada” (imagine aparelhos auditivos ou próteses dentárias que podem ser impressos em 3D com precisão).
A impressão 3D ainda não pode competir com as já consolidadas técnicas de injeção de plástico para produção de milhões de smartphones ou cadeiras de escritório, e talvez nunca venha a ser esse o uso dela, mas já podemos ver as coisas bem encaminhadas para produções de baixos volumes.
A tecnologia da Carbon CLIP 3D Printing é uma mistura das tecnologias originais – são pelo menos 7 tipos inicialmente – e é relativamente nova no mercado. Em geral, o que temos é o uso de laser ou luz para enrijecer um polímero líquido (plástico) de resina, camada a camada, para construir uma peça da base para o topo ou o inverso em algumas situações. A novidade sobre esse modelo anterior de impressão está na velocidade e tipos de material que podem ser usados pelas impressoras da Carbon.
Enquanto a Adidas e a Carbon trabalham para, no longo prazo, ter uma oferta de solados especiais para cada cliente – baseada na habilidade de customização em massa da tecnologia de impressão em 3D – o que é mais importante, no momento, mesmo é a possibilidade de produção em massa a partir dessa parceria. Enquanto a Carbon e outros fabricantes aceleram o processo de impressão em 3D, a grande novidade na indústria é essa possibilidade de pequenas produções em massa que abrem caminho para a evolução em direção aos grandes volumes.
No subsegmento de impressão 3D em metal, que usa técnicas totalmente diferentes, grandes progressos já foram feitos no sentido de usar essa tecnologia para produção industrial, vide os progressos observados com a GE nesse campo. Mas do lado dos plásticos, a indústria ainda usa as impressoras mais para prototipos ou par customizações em massa, como comentamos anteriormente.
Se a Adidas e a Carbon conseguirem cumprir a promessa de produzir 100 mil pares de solas para tênis de corrida no próximo ano e isso for economicamente viável, então o mercado vai rumar muito mais nessa direção, transformando essa indústria de $5 Bi que temos hoje em uma indústria de $17 Bi nos próximos 5 anos. É um segmento para ficar de olho, pois conhecendo tecnologia como conhecemos e observando os avanços que vêm acontecendo, esse é um caminho sem volta e será só uma questão de tempo para que esses números aconteçam.
Por Chris Connery, VP de Pesquisas, e Lucas Porto, country manager da Context World no Brasil