A inteligência artificial é uma das tecnologias chave para a transformação digital de inúmeros setores da economia. Uma das aplicações que mais evoluem é o reconhecimento facial em vídeo em tempo real, ou ao vivo, particularmente útil em cidades inteligentes, transportes, saúde, educação e aeroportos, aumentando a segurança e a eficiência de processos. É essa a grande aposta da RealNetworks, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, líder global em solução de reconhecimento facial. A companhia é a nova associada da Abradisti.

A empresa – com sede em Seattle (EUA) e escritórios espalhados em 14 países do mundo – foi fundada em 1994 e é conhecida pelo RealPlayer, software muito usado nos anos 1990 para reprodução de vídeos e música, inclusive ao vivo, quando o Netflix ainda entregava DVDs pelo Correio. Nos dias de hoje, a RealNetworks se concentra na oferta da solução de reconhecimento facial e visão computacional SAFR. É a primeira empresa desse segmento a fazer parte da Abradisti.

“É uma vitória nossa e uma honra poder participar e contribuir”, diz Jose Larrucea, Vice- Presidente Sênior de Vendas Internacionais da RealNetworks, a respeito da associação à Abradisti. “Como veteranos da indústria, acreditamos que temos parte da responsabilidade de desenvolver o ecossistema. Faz sentido pelo nosso papel de fabricante de soluções, e é nosso desejo ter voz e participação nele”.

Segundo o executivo, fazer parte da Abradisti traz a oportunidade de provocar conversas entre membros de diferentes níveis na cadeia de valor. Ser um fabricante de soluções nesse contexto traz uma nova perspectiva, ainda mais relevante ao se considerar que recursos de IA como os produzidos pela RealNetworks tendem a ganhar cada vez mais participação no mercado de tecnologia.

“O Brasil é um país de extremos, mas muito proativo com [a adoção de] tecnologia. Se conseguirmos estimular a ideia de que a tecnologia pode ajudar a resolver problemas, essas empresas vão atuar”, ressaltou o executivo espanhol.

Mariano Gordinho, Presidente Executivo da Abradisti, acredita que a expectativa de quebrar paradigmas trazida pela nova associada é uma oportunidade de estimular reflexões com novas visões. Também traz para o grupo de associados novos caminhos e desenvolve ecossistemas menos tradicionais e mais inovadores.

“É muito oportuna a chegada da RealNetworks, pois vai abrir a possibilidade de discutir oportunidades e explorá-las. Trabalhando de forma ética, preservando a dignidade e a integridade das pessoas, ou seja, usando a tecnologia para o melhor”, diz Gordinho.

Atuação no Brasil

Desde que foi fundada, a atuação da RealNetworks no Brasil passa por dois momentos, conforme define Larrucea: no começo dos anos 2000, em que comercializava codecs de vídeo (o RealPlayer) e uma plataforma de games. Outro começa em 2015, quando a empresa passou a atuar com operadoras em soluções de mobilidade. Hoje, atua com mais de 30 operadoras no mundo, inclusive a brasileira Vivo.

A partir da atuação com telcos no Brasil, expandiu o leque para a América Latina e aumentou sua rede de interlocutores e parceiros. O escritório em São Paulo, por exemplo, conta com um time de produtos, marketing, vendas e tecnologia cuidando das operações em toda a América Latina.

“A América Latina é gigante, e entendemos que tamanho importa. Além disso são poucas línguas, o que de alguma forma simplifica a operação e ajuda no uso específico de algumas tecnologias”, explica o executivo da RealNetworks. “São dois focos: Brasil e México. No tier 2 estão Argentina, Chile, Colômbia e outros.”

Para Larrucea, o Brasil é um mercado receptivo ao uso de tecnologias baseadas em inteligência artificial, particularmente na segurança pública, área com grande necessidade de soluções que tragam ganhos de eficiência e escala e reduzindo custos. Além de cidades inteligentes, hospitais, bancos e escolas são algumas verticais de atenção. Uma preocupação da RealNetworks é quanto ao sigilo das informações coletadas com a tecnologia SAFR, um ponto de extremo cuidado da companhia, especialmente numa época na qual a LGPD está decolando no Brasil.

Um case específico citado pelo executivo é do município de Praia Grande (SP). A prefeitura e as polícias locais adotaram o SAFR, solução de monitoramento e identificação facial da RealNetworks, para diminuir a criminalidade em vias e espaços públicos – e que prejudica o turismo na cidade que recebe 2 milhões de visitantes ao ano. Baseada em aprendizado de máquinas (machine learning), a solução é projetada para detectar, comparar e identificar rostos em tempo real com alta precisão.

“Duas semanas depois da instalação do sistema, conseguimos detectar e identificar cinco criminosos [foragidos]. Foram tomadas providencias e foram capturados”, conta o SVP. “O impacto é nítido. Para a polícia e a prefeitura são cinco criminosos a menos nas ruas.”

Estratégia de canais

A RealNetworks opera 100% com base em distribuição, com integradores de sistema que levam a tecnologia integrada em soluções mais complexas. Para tal, aposta fortemente em capacitação para aprimorar a atuação dos parceiros de canal, e menos com foco em aumentar a quantidade de parcerias – o que não significa que sejam suficientes.

“Precisamos ainda [de mais canais] em algumas verticais específicas que têm muito potencial para a ferramenta”, explica o executivo. “O foco para 2021 é ter uma qualificação dessas verticais estratégicas para consolidar e crescer o uso dessas tecnologias”.

É muito importante para nós ter um relacionamento saudável com parceiros, com entendimento do que uma solução de IA significa. É uma ferramenta que traz questões de responsabilidade, exige muita confiança, apoio e suporte entre as partes. E sobretudo transparência.”