Pandemia impulsionou melhores práticas de RH na distribuição de TI, revela estudo
Pesquisa Salarial da Abradisti mostra que empresas do setor investiram mais em qualificação e remuneração de especialistas e lideranças. Demanda por tecnologia neste período serviu como catalisador para o aprimoramento no setor
Profissionalização: esse é o caminho que as empresas brasileiras do setor de distribuição de tecnologia seguem cada vez mais, investindo em gestão e melhores práticas de Recursos Humanos, além do aprimoramento dos profissionais, inclusive das lideranças. É o que revela a edição 2020 da Pesquisa Salarial da Abradisti.
Esta é a quarta edição do estudo, conduzido pela consultoria Remunerar, em parceira com o Grupo de Trabalho de Recursos Humanos da entidade, com a participação de 21 distribuidores associados. Além de questões sobre 60 cargos diferentes, o estudo incluiu nove perguntas diretamente relacionadas à pandemia de COVID-19, além de ações de suporte e adequação propostas pelos respondentes.
“Com a demanda por tecnologia aquecida, o mercado pediu uma qualificação maior dos profissionais da área”, pondera Marcelo Samogin, consultor da Abradisti responsável pelos dados do estudo e diretor da Remunerar.
Segundo o especialista, o estudo traz um conjunto de informações seguras sobre as práticas de RH do segmento, o que não significa apenas salários, mas também benefícios diretos e indiretos, além de outros itens.
“Os indicadores permitem às empresas do setor ser mais estratégicas na gestão de recursos humanos, e tomar decisões que seriam mais difíceis sem estudos de mercado confiáveis em mãos”, afirma Mariano Gordinho, presidente-executivo da Abradisti. São levantamentos muitas vezes acessíveis apenas para empresas capazes de contratar grandes consultorias. “O objetivo do estudo da Abradisti é trazer essas informações de forma mais acessível para os seus associados”, completa.
O relatório com os resultados da pesquisa na íntegra é exclusivo para as empresas que responderam ao questionário.
Segundo Samogin, a pesquisa é mais um elemento de leitura do mercado para identificar tendências que possam fazer sentido para o negócio. “O home office veio para ficar e é preciso avaliar a composição dos benefícios. [O estudo] ajuda a fazer esse balanço”, exemplifica.
Impactos da pandemia
O bom momento da indústria de tecnologia, impulsionada pela transformação digital das empresas e aceleração do movimento por conta da pandemia, pode ser observado na manutenção dos empregos no setor.
- Somente 14% das empresas entrevistadas reduziram pessoal entre março e agosto de 2020.
- Segundo o estudo, em agosto o percentual de empresas do setor de distribuição de TI que adotaram e mantinham o home office era de 57%, que detinham mais de 75% do total de funcionários nesse regime de trabalho.
- Além disso, 19% não tinham perspectiva de retorno ao trabalho presencial, o que deve continuar impulsionando a demanda por tecnologia.
- No quesito benefícios, 57% das empresas do setor concedem algum tipo de ajuda de custo aos funcionários em teletrabalho – enquanto a média de mercado não passa de 20%, segundo o diretor da Remunerar.
“O que percebemos sobre benefícios é que elas cortaram o vale transporte e transferiram [os valores] para o vale alimentação ou refeição, o que é pouco perto das mudanças que teremos daqui pra frente”, diz.
Cuidados redobrados
Para Samogin, dados como os obtidos pelo estudo têm auxiliado os gestores das empresas de distribuição a cuidar com mais atenção de suas políticas de recursos humanos. “É razoável pensar que a pesquisa, ao longo dos anos, levou os RHs a gerenciar tudo isso melhor. O mercado com viés de aquecimento foi motor disso tudo”, ressaltou.
- Segundo o estudo, o número de distribuidores que não tinham um programa estruturado de participação de resultados caiu de 80% em 2019 para 52% em 2020. Outro dado que demonstra o maior cuidado das empresas em oferecer benefícios aos funcionários é a avaliação formal de desempenho, que não existia em 60% das empresas em 2019, número que caiu para 43% em 2020.
- O desenvolvimento de lideranças, que era ausente em 75% das empresas, em 2020 não esteve presente em 62% delas – número ainda elevado, mas em tendência de queda.
Para Rejane Silva, coordenadora do Grupo de Trabalho de RH da Abradisti, dois fatores explicam o aumento dos investimentos em capacitação e remuneração. Primeiro, o aquecimento do setor de tecnologia registrado durante a pandemia e, depois, o fato de os funcionários das distribuidoras também terem sido, em boa parte, deslocados para o regime de teletrabalho, o que exigiu dos departamentos de Recursos Humanos ferramentas de controle e recompensa.
“A mão de obra especialista, que representa a maioria dos trabalhadores do setor, é movida por KPIs [indicadores-chave de desempenho]. São precisos programas de remuneração e incentivo que ajudem nesse exercício de auto-gestão”, resume a coordenadora, que ressalta que essas iniciativas não excluem a importância da capacitação e da liderança. “Não é porque implementamos novos programas que as pessoas ficam melhor preparadas.”
E o que as empresas aprenderam em 2020, por conta da pandemia? Qual a principal lição?
Para Rejane, foi passar a aplicar na operação diária as tecnologias que as próprias empresas de distribuição vendem. “Por incrível que pareça, muitas empresas de tecnologia não sabiam lidar com ela e tiveram que correr”, diz.
Para Mariano Gordinho, a grande lição trazida pela pandemia ao setor, inclusive considerando políticas de Recursos Humanos, é que “a mudança não pede passagem”. “Adotar tecnologias e se basear em dados para tomar decisões são elementos fundamentais para empresas que queiram estar preparadas para tudo no futuro, inclusive na distribuição de TI”, ressalta.
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