Big Data é grande promessa, mas segurança desafia negócios
Segundo Eduardo Morelli, da Zoox Smart Data, possibilidade de conhecer clientes em detalhes é tão urgente quanto a preocupação com a segurança dos dados coletados
Diante da proximidade do vigor da Lei Geral de Proteção de Dados e do mundo dos negócios cada vez mais dependente e pautado pelo uso de dados, ou data driven, é necessário que as organizações de todos os setores econômicos encontrem maneiras não só de coletar essas informações, mas também de as analisar. Afinal, é importante conhecer melhor o público consumidor, que dia a dia se torna mais informado e exigente.
“A partir do momento em que se consegue ter uma comunicação mais estreita com os clientes, coletando mais dados, é possível fazer uma venda mais direcionada. É o conceito da segmentação”, explica Eduardo Morelli, CDO na Zoox Smart Data e um dos palestrantes do 9º Encontro Anual da Abradisti. “Com a possibilidade de coletar muitos dados, é possível resolver problemas mais complexos.”
Para o especialista, que lidera o negócio de dados da Zoox – empresa especialista em publicidade direcionada e coleta de dados via WiFi e câmeras –, apesar da escala maior de previsibilidade possível a partir da análise de grandes quantidades de dados atuais, ainda é um desafio coletar informações sobre o comportamento dos clientes. Isso porque ainda falta conhecimento sobre as técnicas necessárias para se tirar melhor proveito dos dados.
A tecnologia necessária, no entanto, já existe e está disponível. Além dos softwares ou serviços de análise, o investimento em tecnologia deve considerar a computação em nuvem para a infraestrutura. O mesmo para os profissionais capacitados em data analytics, especialistas com conhecimento não só de estatística e matemática, mas também do negócio.
Com a Internet das Coisas (IoT) e seus sensores se tornando mais comuns, crescem as oportunidades de coletar dados em volume e frequência muito maiores. No entanto, consumidores e empresas tornam-se conscientes sobre a importância de seus dados, o que exige não só autorização para a coleta, mas também “uma troca por parte das empresas”. “Às vezes o usuário não está nem aí, às vezes não. Mas há uma tendência mundial sobre privacidade, e os consumidores estão mais zelosos”, explica Morelli.
Segurança e zelo
Para o especialista, os distribuidores de tecnologia estão em posição privilegiada para coletar e tratar dados – afinal, estão intrinsecamente ligados aos fabricantes de equipamentos de TI. Mas também estão preocupados com os aspectos de privacidade e proteção, principalmente a recém-aprovada Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Afinal, quanto mais dados se acumula, mais valor um criminoso virtual pode encontrar.
“Podemos nos tornar alvos de ataques de hackers, que podem levar dados que o usuário nos confiou. Existe uma série de preocupações sobre segurança da informação”, pondera o executivo. “É preciso organizar bem os dados, com governança, pois o usuário vai querer saber o que sabemos sobre ele.”
Entre as mudanças necessárias para as organizações, avalia Morelli, está a forma de pedir consentimento aos usuários para coletar informações, o que está muito claro na LGPD. As empresas estão correndo para se adequar antes de agosto de 2020, quando infrações à lei de proteção resultarão em multas pesadas.
“Estamos apanhando, pois não são mudanças que trazem benefícios financeiros. Temos que investir em muitas coisas”, comenta. “Fazendo uma analogia, é como quando a indústria química não se preocupava com a poluição dos rios. Elas tiveram que fazer mudanças para deixar de poluir, o que não trouxe benefícios imediatos.”
No entanto, reflete o executivo, são cuidados que precisam ser tomados não só diante do risco financeiro, mas também do custo de reputação. Empresas que sofrerem com vazamento, principalmente aquelas que se apresentam como especialistas em guarda de dados, darão um “tremendo tiro no pé”.