A Allied é um daqueles players do mercado brasileiro de distribuição com uma história bastante singular. A empresa, que é nova associada da Abradisti, tem atualmente uma atuação bastante sinérgica com o próprio setor de varejo, sendo a principal representante da marca Samsung nas lojas físicas do Brasil, além de ser proprietária do e-commerce Mobcom e da plataforma de celulares recondicionados Trocafy.

Ou seja, além de atuar na distribuição de produtos eletrônicos de consumo no Brasil, sendo parceiro estratégico de alguns dos maiores fabricantes globais – como Apple, a já citada Samsung, Motorola, Acer, HP, Microsoft e outras –, a empresa atua também no varejo, com mais de 118 pontos de venda físicos e uma forte presença nas plataformas digitais.

A empresa iniciou suas operações em 2001, a fim de aproveitar a oportunidade crescente oferecida pelo ainda jovem mercado de celulares – isso quando os smartphones ainda eram um sonho distante. “Só se vendia para operadoras, e de repente sobrava um pouco de produtos na indústria. A Allied surgiu neste espaço”, lembra ao blog da Abradisti o diretor executivo comercial mobile e de RH da Allied, Davi Oliveira.

Nos seus primeiros anos, a empresa também prestou serviço para as operadoras, trazendo celulares que seriam vendidos em conjunto com os planos contratados. Até que os telefones desbloqueados chegaram ao mercado e mudaram o panorama, fomentando o mercado de varejo a partir da possibilidade de venda de aparelhos para o consumidor pessoa física – e impulsionando a operação da Allied.

“Mas a grande virada foi lá em 2010, quando o fundo One Equity Partners, do JP Morgan, comprou 49% [da Allied], e 51% ficaram com a família fundadora. Nesse momento, foi introduzido um pouco mais de mundo corporativo em uma empresa familiar. Foi quando começamos a construir as lojas da Samsung e entramos no varejo”, lembra Oliveira.

Em 2015 a gestora de private equity Advent International comprou a participação do banco americano e mais uma parte da família controladora, passando a ser dona de 75% da empresa. Os antigos proprietários se tornaram conselheiros e foram trazidos para a Allied executivos de mercado, inclusive o próprio Davi Oliveira, ingressaram na companhia para promover o IPO, que foi realizado em 2021.

A grande tese da empresa, explica o executivo, é fortalecer distribuição e varejo de modo a ampliar o acesso dos consumidores brasileiros aos produtos eletrônicos. Atualmente isso inclui uma atuação substancial no mercado B2C, e parcerias estratégicas, como o programa iPhone pra Sempre, desenvolvido em conjunto com a Apple e Banco Itaú.

Esse programa impulsionou a atuação da Trocafy a partir da captação dos celulares usados do programa. Atualmente a Allied, através da Trocafy, é também um dos maiores players nacionais no mercado de celulares usados.

Atenta ao futuro, a empresa já vislumbra as mudanças trazidas pela inteligência artificial aos aparelhos de telefone.

“A IA não está só no celular, está em tudo. Vai ser uma grande mudança em vários aspectos da sociedade, não só no celular”, afirma o executivo da Allied.

Entrada na Abradisti

A entrada da Allied na Abradisti em 2024 é a efetivação de uma conexão já antiga entre a empresa e a associação. Para o executivo, a entidade é “um lugar agregador de todos os distribuidores do mercado”, e o ingresso da Allied vai aumentar o papel representativo que a Abradisti já possui.

“Se há alguma informação nova ou interpretação diferente dos demais [distribuidores], é importante que todos estejam atualizados. Isso precisa ser compartilhado”, defende Oliveira, ressaltando o papel de gerador de conhecimento da Abradisti.

“Claro que existem temas que não podem ser compartilhados por uma questão estratégica. A Allied, como empresa de capital aberto, tem bastante cautela na disseminação de informações. Mas entendemos que a colaboração entre os participantes da Abradisti pode acontecer de muitas formas”, diz.

De acordo com Mariano Gordinho, presidente-executivo da Abradisti, a missão da entidade é ter esse papel agregador, um catalisador de todas as companhias que atuam nesse setor.

“Cada companhia tem sua própria estratégia, mas a questão tributária e a velocidade com que a gente no Brasil precisa lidar com esse assunto é um desses desafios comuns”, explica Mariano, sobre a associação.

Para ele, a parceria da Allied “amplia a representatividade da entidade como alguém que tem voz”, diz, lembrando do processo de regulamentação da reforma tributária agora em curso. “O governo não tem uma caixinha pronta. E os setores vão ter que se manifestar. E ter uma companhia como a Allied no grupo engrossa muito a voz de quem está no setor, articula os negócios, encara desafios e gera empregos, recolhe impostos.”

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