
Construir resiliência cibernética é estratégia de crescimento e sobrevivência
Artigo de Bruno Rigatieri, da WDC Networks, aborda como resultado do Censo das Revendas refletem estratégia dos VARs: foco em cibersegurança, que lidera vendas em 2024, tanto em serviços quanto em produtos

Por Bruno Rigatieri*
Um medo comum une o usuário final e os clientes corporativos em tecnologia: ataques virtuais, algo que sofreu aumento exponencial nos últimos dois anos em razão do avanço da Inteligência Artificial Generativa. É tema pacífico entre os gestores que a transformação digital nos negócios precisa ser repensada principalmente sob ponto de vista da cibersegurança. Porém “saber” é diferente de agir, de aplicar o conhecimento.
A Pesquisa Global Digital Trust Insights 2025 da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) abordou executivos de negócios e tecnologia do Brasil e de mais 76 países que afirmaram que a IA generativa aumentou a superfície de ataques, mas apenas 2% dos participantes no mundo adotaram ações de resiliência cibernética em todas as áreas da organização, de um universo de mais de quatro mil entrevistados.
Outro dado que mostra essa distância entre discurso e prática é a questão do mapeamento e análise de risco: menos da metade dos entrevistados conduz essa mensuração de forma eficaz nas empresas, enquanto apenas 15% medem o impacto financeiro dos riscos cibernéticos de forma significativa. Ou seja, não há ao menos um mapa completo do que precisa ser protegido ou uma análise crítica dos impactos objetivos de um ciberataque – pois ainda há o fator “reputação” que pode sofrer danos subjetivos e bem mais duradouros.
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A cibersegurança deixou de ser apenas uma barreira contra os ataques e tornou-se um diferencial competitivo ao assegurar a proteção dos dados do cliente e empresa, impedindo a interrupção dos negócios ou retomando rapidamente e com segurança o ritmo das atividades. Nesse mesmo sentido, a Inteligência Artificial não é a inimiga a ser bloqueada dos sistemas da empresa, mas uma ferramenta a ser plenamente entendida e inserida de forma segura nos processos internos. Por isso, a dupla IA e cibersegurança está no topo dos investimentos das empresas em 2025, segundo o estudo “Tendências dos Investimentos em TIC em 2025”, feita pela IT Data Consultoria como material complementar do Censo das Revendas da Abradisti – Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação.
Este levantamento mostrou que 34% das médias e grandes empresas tiveram problemas com segurança da informação no último ano, daí seus principais desafios de TIC para 2025 serem a segurança para aplicações de cloud computing e IA (75%) e, claro, a continuidade dos negócios (67%).
Para atingir o sucesso nessas áreas, os gestores entrevistados direcionaram investimentos para projetos em IA (79%) e cibersegurança (77%), além de aprimorar as bases para a continuidade de negócios (68%). Há uma preocupação em conjugar os esforços da contratação de soluções (firewall, acesso privilegiado, zero trust, segurança de redes e dispositivos) e treinamento dos colaboradores e da própria gestão, pois não há projeto de segurança (física e virtual) sem envolver o fator humano da equação.
Oferta e demanda
O Censo das Revendas da ABRADISTI também aponta que muitas dessas empresas consultadas estão lidando com a cibersegurança de forma bastante objetiva: ao invés de sobrecarregar sua equipe de tecnologia, optam em deixá-la focada no core business e contratar as chamadas Revendas de Valor Agregado (VAR) – aquele fornecedor que além de comercializar produtos, também presta serviços mais sofisticados de consultoria, implementação etc. Os números atestam essa prática: em 2024, tanto em produtos quanto serviços, cibersegurança foi o item mais vendido pelos VAR, e a prestação de serviços teve a maior fatia do faturamento das revendas de forma geral (31,8%), enquanto a venda de hardware ficou em segundo lugar, com 28,6% dos ganhos.
Esse cenário não deve mudar em 2026 e a oportunidade ainda pode ser aproveitada por canais e provedores de internet interessados em uma ponte para novas receitas no setor de telecomunicações. Já “dentro” do cliente corporativo com a conexão à internet ou outro produto em TIC, podem explorar a oportunidade e reposicionar sua atuação para a oferta de cibersegurança, oferecendo a proteção digital como serviço. Uma transformação que se baseia na confiança que as partes possuem entre si e que passarão a expor com mais elementos ao mercado.
Essas sondagens mostram que há espaço para ofertar soluções integradas de TI de forma gerenciada, entregando valor agregado. O uso de Inteligência Artificial não vai diminuir nos próximos anos e isso demanda inteligência também da gestão, para aproveitar da melhor forma essas ferramentas sem prejudicar ou aumentar a exposição da empresa a perigos virtuais. Cibersegurança é hoje e será daqui para frente um elemento essencial da conexão à internet.
*Bruno Rigatieri é diretor Comercial e de Marketing da WDC Networks, uma empresa distribuidora de TIC associada à ABRADISTI – Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação.
Este artigo foi publicado originalmente na Coluna da Abradisti no portal IT Forum, em 5 setembro de 2025. Para ler a versão original, acesse o link: https://itforum.com.br/colunas/resiliencia-cibernetica-sobrevivencia/